Consciência Negra: O Quilombo do Acarai Celebra a Resistência e Cultura Negra

No dia 1º de dezembro de 2024, a comunidade quilombola do Acarai, localizada no município de Camamu, na Bahia, foi palco de uma das mais belas manifestações do movimento quilombola da região. O evento, que reverencia o Dia da Consciência Negra, celebrado oficialmente em 20 de novembro, teve como destaque a vibrante apresentação cultural da comunidade, com danças, músicas e participação popular. Embora o evento tenha ocorrido sem o apoio esperado do poder público, que não atendeu aos pedidos de auxílio logístico e toldos etc, a festa foi um grande sucesso, refletindo a força e a união de um povo que há séculos resiste e constrói sua história com luta e coragem em sol ardente.

A celebração no Acarai foi marcada por uma energia contagiante e pela presença de moradores locais, descendentes de africanos e membros de várias outras comunidades, que se reuniram para celebrar a resistência, a cultura e a identidade negra. A manifestação cultural não foi apenas uma festa, mas também uma reafirmação do compromisso da comunidade com a preservação de suas raízes e tradições, elementos fundamentais para o fortalecimento da luta quilombola no estado da Bahia e em todo o Brasil.

A comemoração no Acarai é um reflexo do movimento quilombola mais amplo no Brasil, que, além de celebrar a resistência, busca ser reconhecido por suas conquistas e reivindicar os direitos que lhes foram historicamente negados. A falta de apoio institucional ao evento foi vista com certo pesar pelos organizadores, mas também como uma prova da força da comunidade, que, mesmo sem a assistência do poder público, conseguiu realizar um evento grandioso.

O Dia da Consciência Negra, oficialmente sancionado em 21 de dezembro de 2023 pela Lei 14.759/2023, foi instituído com o objetivo de reconhecer e celebrar a importância da população negra para a formação da cultura e história do Brasil. A data também é uma homenagem a Zumbi dos Palmares, líder do maior quilombo da história do país, que se tornou símbolo da luta contra a escravidão e da resistência negra. A lei foi um marco significativo para o movimento negro no Brasil, representando um avanço no reconhecimento dos direitos das comunidades negras e quilombolas.

A celebração do Dia da Consciência Negra é, portanto, uma oportunidade para refletirmos sobre o legado da escravidão no Brasil e a contribuição dos negros para a construção do país. A maioria da população brasileira é descendente de africanos que foram trazidos à força como escravizados, e muitos de seus descendentes continuam a lutar por dignidade, igualdade e reconhecimento. Esse processo de luta pela visibilidade e pelo reconhecimento das comunidades quilombolas tem sido uma das bandeiras mais importantes do movimento negro no país.

A Comunidade Quilombola do Acarai é um exemplo vivo dessa resistência. Além de manter viva a tradição cultural, a comunidade busca continuamente o reconhecimento de suas terras, que são fundamentais para a preservação da identidade quilombola e para a continuidade de suas práticas culturais. Comemorações como a do último dia 1º de dezembro são, portanto, um espaço não apenas de festa, mas também de reflexão e de reafirmação da luta por justiça social e igualdade de direitos.

O evento no Acarai foi mais uma prova de que, mesmo diante das adversidades, o movimento quilombola continua firme e forte. Em um contexto de dificuldades estruturais e de poucos recursos, as comunidades quilombolas seguem sendo protagonistas de suas próprias histórias, unindo-se em torno da celebração de sua cultura e da busca por um futuro mais justo e igualitário.

A festa no Acarai, sem dúvida, foi um momento de vitória para a comunidade quilombola e para todos aqueles que, ao redor do Brasil, lutam pela valorização da cultura negra. Em tempos de desafios, essa resistência cultural e política é um farol para as novas gerações, que se orgulham de suas origens e de sua contribuição para a formação do Brasil que temos hoje.

O movimento de resistência quilombola, e as comemorações do Dia da Consciência Negra, são fundamentais para a construção de uma sociedade mais inclusiva, que reconhece e celebra sua diversidade, principalmente a de origem africana. Que o exemplo do Acarai inspire outras comunidades a se fortalecerem e a continuarem sua luta por reconhecimento e direitos.